Quem sou eu

Brazil
Professor de História Ligado em cultura em geral Músico amador nas horas de folga Antenado em política Música: Rock'n Roll, Heavy Metal, Jazz, MPB, Música Erudita e Clássica, Rock Progressivo e outros estilos que tenham qualidade de forma e conteúdo. Cinema: Todos os gêneros, mas com restrições aos hollywoodianos. Livros: Todos, menos esoterismo

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SAUDOSISMO COM CAUSA

Agora de madrugada - são 00:39h. do dia 19 de janeiro, eu acabo de ver uma notícia sobre o estado de saúde de Chico Anysio, que não é dos melhores. O que isso tem a ver com saudosismo? Bom, nesta mesma noite eu vi um pequeno trecho da minisérie global "O Bem Amado", e senti mais ou menos a mesma coisa: saudosismo.

Eu, no alto dos meus 42 anos, já sinto saudade de muita coisa que ficou pelos caminhos da vida,..... parentes, amigos, lembranças juvenis de festas e esperanças no futuro,... enfim, muita coisa que eu considero boa na vida.
Mas tem um tipo de saudade que eu acho que machuca mais que todas as ditas acima, que é uma saudade de um tempo, de um mundo,... que hoje sei que não vai existir nunca mais. Tremendo sentimento de perda!

Quando perdemos um parente ou um amigo, sabemos que sentiremos sua falta, mas sabemos também que tal fato atingirá um número mais limitado de pessoas. Lógico, que dependendo da pessoa, ou melhor, da qualidade da pessoa que se vai a perda será um prejuízo um pouco maior para aqueles que a conheceram e para aqueles que não tiveram essa felicidade! Mas quando se perde um mundo todo, uma cultura, um jeito de ser, diria até uma sintonia que pairava no ar mas conectava a quase todos, o sentimento de perda é mais arrebatador.
O Bem Amado, uma série de TV antiga, lá pelos idos da década de 70 e 80 do século passado - falar isso dá mais dramaticidade ainda ao tema aqui abordado! - , que tinha Paulo Gracindo como protagonista da personagem principal que era Odorico Paraguaçu, prefeito de uma típica cidade do interior do país, era um momento único na TV. Ali criticava-se a história política do país, e tenho certeza de que esta crítica é atual, pois o mundo mostrado não era temporal, fazia e faz parte da alma e da história do Brasil Mas mesmo assim, se conseguia um certo ar romântico que nos cativava e nos encantava, daí o meu saudosismo. Este sentimento, eu pelo menos, não consigo mais encontrar em quase nada que se vê ou se lê por aí.

Vejamos o caso do humorista Chico Anysio, ele, mais ou menos na mesma época do Bem Amado, fazia humor na TV com as mesmas características, mas com histórias e personagens diferentes daquele. Mas o sentimento estava lá!

Já vi as duas versões para o filme "Fúria de Titãs" e sinceramente prefiro a primeira versão! E olha que tem uma diferença brutal de condições de filmagem e produção entre os dois filmes!
Já não sei dizer ao certo se o problema é de conteúdo ou de qualidade, mas me parece que a sintonia do mundo é que está com problema! Quando digo sintonia, creio que podemos falar em alma, espírito ou no inconsciente coletivo. Não existe mais romance, somente dureza crua do sexo pelo sexo; não existe mais magia, somente a verdade fria de uma ciência pretensamente dona da verdade; não existe mais o ser humano, mas o indivíduo e egoisticamente só ele com seus interesses pessoais e geralmente mesquinhos,.... e no fim, parece que a própria humanidade está perecendo!

A ingenuidade nunca foi boa para o povo, então, a verdade, mesmo que seja fria e dura é bem vinda, mas não podemos nos esquecer das coisas que são essenciais em nossa vida, pois eu, pelo menos eu, acredito que é possível ser romântico sem ser bobo, acreditar de forma metafórica na magia sem ser um tolo ou um fanático religioso e no fim, ter esperança.

Quando artistas de uma era que parece não ter mais volta se vão, como Paulo Gracindo, Grande Otelo, Paulinho Nougueira (Compositor e violonista), e outros tantos que minha memória não me permite lembrar ou que o espaço aqui se faz pequeno para os evocar; um pouco da alma, do espírito de épocas passadas, que eram gostosas pelo seu romantismo, pela sua riqueza de expressão e conteúdo, pela sua honestidade em mostrar um pouco de nossas entranhas sentimentais, também se vai.

Quem sabe um dia a humanidade, no caso aqui, o Brasil, possa olhar com mais carinho seu passado e se lembrar desse tempo e aí poder recuperar um pouco da alma do ser humano que vai se embrutecendo com as falsas realidades deste mundo consumista em que vivemos!

Tenho muitas saudades!  

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